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Brasília
_Entra governo, sai governo, entra administrador público, sai administrador público e uma prática política brasileira se mantém
firme: a indicação de padrinhos para cargos públicos, nos chamados cargos comissionados, bem como secretarias, ministérios e assessorias afins. Alguns apadrinhados possuem competência técnica para a função a ser desempenhada, outros não. O problema maior é a sociedade não ser capaz de discernir o joio do trigo. A solução para isto não é tão complexa, basta o currículo dosfuncionários não concursados da administração direta e indireta estar disponível para a população. Imaginem uma mulher nomeada para uma secretaria municipal qualquer poder informar à população que, além de ser mãe de um vereador, também possui competência para o cargo em questão? E não seria ótimo a sociedade descobrir que um assessor qualquer tem como única qualificação ser filiado ao partido que está no poder, ou ser parente de algum deputado da base aliada do governo? Entretanto, há milhares de pessoas nesta situação e seria virtualmente impossível colocar todos estes dados de forma organizada na internet, não havendo uma maneira técnica de se fazer um banco de dados desta magnitude. Ledo engano, há, no Brasil, uma plataforma, 100% nacional, que compila, de maneira organizada e sistemática, as qualificações acadêmicas, experiência profissional, projetos de pesquisa, publicações acadêmicas e outras informações sobre a vida profissional de pesquisadores, docentes em geral, além de alunos participantes de projetos de pesquisa. Esta plataforma, denominada Lattes, é um projeto do CNPq de integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações público e aberto para acesso sem senhas ou permissões especiais. A dimensão atual da plataforma Lattes se estende não só ao CNPq, mas também de outras agências de fomento federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa, além de ser utilizada também pelo MEC e INEP. A plataforma pode ser acessada pelo endereço http://lattes.cnpq.br/ e depois no link “buscar” para ter acesso a todos os currículos cadastrados e, para facilitar a pesquisa, todo currículo cadastrado possui um link direto para consulta. Como exemplo, o link direto para o meu currículo é o http://lattes.cnpq.br/6474056681420203. Tecnologia e expertise o Brasil tem de sobra, falta apenas disposição política para que as informações de nossos gestores serem disponíveis para consulta, gerando uma maior transparência para a administração pública nacional. Jorge Eduardo Scarpin
2 Comments
_Este é um assunto que há tempos penso em escrever, mas apenas neste começo de ano, aproveitando boas e merecidas férias, consegui refletir e chegar a um bom termo sobre este tema que considero intrigante e desafiador.
Por que o brasileiro protesta tanto na internet e não transforma isto em protestos reais? Observando apenas o Facebook, uma das mídias sociais mais utilizadas no Brasil, vemos inúmeras comunidades a favor da ética na política, contra corrupção, a favor da corregedora do Conselho Nacional de Justiça e até algumas mais insólitas, como as que propõem a divisão do país em vários pequenos países, tendo uma para o Sul, outra para o Nordeste, outra para São Paulo e assim por diante. Além das redes sociais, há alguns sites de petições públicas, onde alguém posta uma petição e começa a enviar convites para assinarem e, quem sabe, algum dia, isto se torne realidade. E há petições para tudo, para reforma política, diminuição da carga tributária, duplicação de estradas, redução de tarifas etc. O intrigante deste assunto é que, embora com debates acalorados e indignações monumentais na internet, os movimentos não ganham as ruas e, quando ganham, o resultado é modesto (com honrosas exceções como, por exemplo, o movimento pela federalização da Universidade Regional de Blumenau-SC que conseguiu levar mais de 7.000 pessoas para as ruas). E por que isto acontece? Será que somos um povo pacato por natureza e que aceitamos tudo o que nos é proposto? Apesar de ser uma resposta simplista, creio não ser verdade, visto que a população já fez manifestações imensas nas ruas, tais como Diretas Já, impeachment do ex-presidente Collor, campanhas salariais de diversas categorias, mobilizações estudantis por causas não tão estudantis, como, por exemplo, aumento de passagens de ônibus etc. Além do povo pacato, há ainda uma segunda explicação: a culpa é da mídia, ou melhor, da grande mídia que está interessada em deixar os brasileiros na ignorância e está de conluio com os poderosos de plantão etc. etc. etc. Isto me lembra, quando eu era adolescente e depois na juventude (décadas de 80 e 90), do bordão “Fora FMI”. O FMI era culpado das nossas mazelas. Dívida externa? Pobreza? Baixos salários? Ditadura? Inflação? Educação ruim? Saúde em frangalhos? Unha encravada? Culpa do FMI. Agora a bola da vez é a mídia. Todos os males brasileiros são culpa da grande mídia, da imprensa chapa branca e tudo o mais que sempre ouvimos. Entretanto, no final de 2011, o movimento contra a corrupção no Facebook, com milhares de seguidores tentou ir para o mundo real, com resultados decepcionantes, com, por exemplo, 100 pessoas na Avenida Paulista e o fato foi coberto com bastante destaque pela grande mídia. Bem, 100 pessoas é menos do que dois ônibus lotados e o grupo contrário a este movimento viu nisso outro conluio da imprensa para derrubar o governo do PT etc. etc. etc. Então, por que lá fora as manifestações acontecem e aqui não? Qual a causa? Será que eles são tão mais evoluídos do que nós? Creio que não e talvez a resposta seja uma só: economia. Momentos econômicos bons levam ao comodismo da população e o inverso é verdadeiro. Entretanto, isto é assunto para um próximo texto, em breve. Jorge Eduardo Scarpin _Dezembro chegou, Natal se aproxima e o ano se encaminha para o final.Como em todo final de ano, é hora de um balanço do que se passou e do que está por vir. Na área econômica, o ano foi extremamente agitado. Crises, greves, protestos, desaceleração econômica etc. Vamos separar os acontecimentos por tópicos.
1. Preços de commodities agrícolas. Os preços das commodities agrícolas que estavam muito valorizados no ano de 2010, continuaram com o mesmo comportamento em 2011 e a tendência é de que isto não sofra mudanças em 2012. Provavelmente em 2012 não haverá deflação dealimentos, mas sim uma estabilidade no patamar elevado que se encontra hoje. Uma das poucas commodities que está com preço depreciado é o arroz e a tendência é que esta depreciação se mantenha em 2012, para infelicidade dos produtos catarinenses. 2. Álcool combustível. Justamente pelo tratado no tópico anterior, o preço do açúcar está com tendência de manutenção de preços elevados e, felizmente ou não, o açúcar de cana é o mais competitivo em termos de produtividade e, como o insumo para o açúcar e o álcool são os mesmos (cana), os usineiros continuarão a produzir açúcar em detrimento do álcool combustível, ou seja, os carros flex não verão álcool por um bom tempo, visto que, álcool a R$ 2,49 o litro (média em Blumenau-SC) não é um preço convidativo. A única possibilidade de alteração deste quadro é uma intervenção governamental, seja reduzindo a carga tributária do álcool ou aumentando a carga tributária do açúcar (coisa que acho mais provável, por razões óbvias). 3. Crise europeia. Talvez o fato econômico mais marcante neste ano de 2011. Talvez pela primeira vez desde a reconstrução do pós-guerra, vemos a Europa em situação extremamente frágil. Para se ter uma ideia da fragilidade econômica, a União Europeia suplica por dinheiro do FMI e pede, encarecidamente, que a China, o Brasil e os demais emergentes comprem seus títulos (emprestem dinheiro a eles). Se um brasileiro entrasse em coma nos anos 80 e acordasse apenas hoje, juro que não acreditaria e pensaria que, efetivamente, os maias estavam certos e que o fim do mundo realmente se aproxima. O que espero para 2012 em relação a isto? Infelizmente sou pessimista neste aspecto. Não espero uma recuperação econômica, ao contrário, vejo o BCE comprando mais títulos podres dos estados membros via mercado secundário e a recessão e o desemprego, que em alguns países chega a mais de 20%, aumentando e colocando em risco a sobrevivência do euro no médio prazo. E quanto ao Brasil? Se a crise europeia se agravar, é lógico que seremos atingidos, assim como o mundo todo o será. O que deve ser feito então é privilegiar o mercado interno, reduzir encargos sobre a produção industrial e não deixar o consumo cair, pois, menos consumo, mais desemprego e menos renda. Jorge Eduardo Scarpin _Estamos vendo nas últimas semanas uma explosão de protestos pela Europa, bem como governos enfrentando dificuldades para vender seus títulos soberanos e algumas nações quase em risco de calote. Este tema parece complexo e temos a tendência de culpar os bancos ou o sistema financeiro por todas as crises do sistema capitalista. Entretanto, o tema é mais simples do que aparenta e, pelo menos nesta crise, os bancos são apenas uma parte dos culpados.
A crise fica mais fácil de ser compreendida com um exemplo básico de uma pessoa, que chamaremos de José e será colocado entre parênteses o paralelo com a crise atual. José trabalha e tem uma renda mensal de R$ 5.000,00. Porém, ele e sua família gastam R$ 5.500,00 por mês, além de uma ajuda mensal aos parentes no valor de R$ 2.500,00 por mês, totalizando um gasto mensal de R$ 8.000,00 (descontrole fiscal). Como José tem um bom crédito na praça, consegue facilmente empréstimos bancários no valor de R$ 3.000,00 mensais para cobrir o rombo nas suas despesas. Esta é uma boa alternativa para manter seu padrão de vida e manter seus parentes satisfeitos com a renda transferida mensalmente a eles (aumento da dívida). Entretanto, alguns anos atrás, diversas outras pessoas resolveram não pagar suas dívidas e, embora José não tivesse nada a ver diretamente com o fato, os bancos passaram a ser mais cautelosos na hora de fornecer créditos para todo o sistema financeiro (crise de 2008). Agora, imaginem que José, depois de tanto pegar dinheiro emprestado no banco, tenha uma dívida superior ao que ele consegue produzir em um ano de trabalho (PIB), algo em torno de R$ 70.000,00 para quem fatura apenas R$ 5.000,00. Será que os bancos passarão a olhar para José como possível cliente com risco de calote? Provavelmente sim e, quando o banco percebe isto, a taxa de juros aumenta, pois como há um risco maior de não pagamento, o juro é mais alto para compensar eventual calote, e também o prazo para pagamento é mais curto, visto que não há garantia de pagamento no longo prazo (aumento da taxa de juros da rolagem dos títulos soberanos, que são os títulos que os Estados vendem aos bancos para captar dinheiro). Neste caso, José só tem uma alternativa, cortar gastos. E este corte de gastos deve ser feito em duas frentes. A primeira é reduzindo seu padrão de vida, gastando menos, por exemplo, com sua educação, saúde e segurança (corte de gastos públicos). Já a segunda é reduzindo o valor pago aos parentes (redução de salários de funcionalismo público, redução de aposentadorias e aumento da idade para se aposentar). Agora, analisando friamente, será que José, sua família e seus parentes que são sustentados por ele ficarão contentes com estas medidas ou protestarão contra este corte de gastos, dando a alternativa de simplesmente dar calote nos bancos como medida mais apropriada? É exatamente este o motivo pelos protestos em toda a Europa, ou seja, protestos econômicos e não políticos. Em tempo, não acho os bancos santos ou livre de qualquer parcela de culpa na crise. Entretanto, a maior culpa dos bancos foi de não ter cortado o crédito para os países perdulários antes, esperando até o último minuto para isto. Jorge Eduardo Scarpin _No último dia 15 de novembro foi promovida uma série de marchas contra a corrupção em diversas cidades brasileiras. Neste dia, a população foi às ruas clamando pelo fim de um dos maiores males da política brasileira, a corrupção. O tema é urgente e importantíssimo, pois se calcula que bilhões de reais são desviados por ano, dinheiro este que poderia ser usado na saúde, educação, segurança, obras públicas etc.
No entanto, o resultado ficou muito aquém do ideal. Organizadores do movimento comemoraram algumas centenas de pessoas na rua, o que pode ser razoável em cidades como Blumenau, com 300 mil habitantes, mas péssimo em cidades como São Paulo e Brasília, por exemplo. Ao invés de ficar bradando que o povo brasileiro não tem maturidade política, que somos um país subdesenvolvido e outros discursos prontos, penso que o problema é econômico e não político, ou seja, parafraseando James Carville, “é a economia, estúpido!”. Estamos vendo uma quantidade extremamente grande de manifestações ao redor do mundo, começando pela primavera árabe, manifestações na Europa e o ocupe Wall Street. Serão manifestações políticas ou econômicas? A primavera árabe, apesar de ser um movimento contra a ditadura nos países árabes, começou na Tunísia com um desempregado ateando fogo ao seu corpo justamente em protesto contra a falta de emprego. No Egito, protestos já haviam começado pela alta do preço do pão (base da alimentação local). Esta insatisfação econômica levou a uma revolta que ganhou corpo e passou a protestar contra o governo e então acabou contagiando a população, inclusive de outros países árabes, como em um efeito viral. O movimento europeu já é diferente, 100% econômico. Protesta-se contra muita coisa, mas, principalmente, contra os pacotes de austeridade que incluem reduções de aposentadorias, demissões de funcionários públicos, corte de salários etc. E no último final de semana tivemos um exemplo muito concreto disto. O primeiro ministro da Itália Sílvio Berlusconi só caiu pelo agravamento da crise econômica, não pelas acusações de corrupção ou escândalos em sua vida pessoal. Finalmente, o movimento ocupe Wall Street, em Manhattan, protesta contra o sistema financeiro, motivados pela grave situação econômica, visto que os bancos estão bem enquanto a população em geral está endividada, sem dinheiro para pagar a hipoteca das casas e tendo que abrir mão do seu padrão econômico de vida. Já no Brasil, a situação é diferente. A crise econômica ainda não chegou com força por aqui. O desemprego é baixo, a renda da população está melhorando e o crédito continua a se expandir. Quando a situação econômica é boa, o povo tende a esquecer de problemas maiores, como os romanos já conheciam muito bem, com a política do pão e circo (panis et circenses). Logo, pode ser que as marchas não tenham tido a adesão desejada não pela falta de interesse ou maturidade política do povo brasileiro, mas tão somente pela boa situação econômica do país, o que traz um desafio ainda maior para todos aqueles que lutam contra a corrupção e mazelas do nosso país. Jorge Eduardo Scarpin Neste mês de setembro de 2011, houve mais uma enchente na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, com saldo foi de 264 deslizamentos, 930 mil pessoas atingidas, 26 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas e apenas seis mortes.
Os prejuízos materiais foram muito grandes, mas, poderia ser muito maior, visto que muitos moradores conseguiram levar seus pertences a um lugar seguro. Ressalta-se também o número de mortes proporcionalmente pequeno ao total de pessoas atingidas. Depois da tragédia de 2008, a cidade mapeou os pontos mais suscetíveis a deslizamentos e, dos 264 deslizamentos desta enchente, 161 deles foram em locais já previstos, o que minimizou e muito a perda de vidas humanas e bens materiais. Entretanto, nesta enchente o problema maior foram as águas, com o rio subindo 12,50m acima do seu nível normal (dois metros acima da tragédia de 2008), porém sem maiores danos. Isto se deveu a três grandes ações tomadas depois das enchentes da década de 80 (1983 e 1984). A instalação de um sistema de barragens no Rio Itajaí Açu, o que permite que o rio suba três metros a menos do que se o sistema não existisse. Isto ameniza as cheias do rio. Implantação de um sistema denominado de cotas de enchente. Equipes de especialistas mapearam as ruas da cidade e foi elaborado um documento que informa quando o rio atingirá cada rua da cidade. Por exemplo, a rua onde moro inunda quando o rio chega a 10 metros acima do seu nível normal. Este documento é público e encontra-se no http://www.blumenau.sc.gov.br/defesa/cotas1.asp? e praticamente todos da cidade sabem a cota de enchente da sua rua. Além disto, em períodos de enchente, isto é amplamente divulgado pelas TVs e rádios locais. Finalmente, foi criado, em parceria com a Universidade Regional de Blumenau, um centro chamado Ceops, Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia do Itajaí, (http://ceops.furb.br/) que tem como função monitorar e, principalmente, prever o nível do rio com base em dados meteorológicos. Nesta enchente de setembro, todo o sistema funcionou perfeitamente. Na quarta-feira o Ceops já comunicou que a cidade seria inundada na quinta-feira no final da tarde, permanecendo em estado crítico até o final da semana. Este pequeno aviso já acionou todo o sistema de alerta contra enchentes, com a abertura dos abrigos para os possíveis afetados pelas águas (o abrigo do bairro também é algo que todos os moradores conhecem), rádios e TVs locais com coberturas ao vivo, cancelamento de aulas para diminuir o trânsito na cidade, alerta para a população tirar seus pertences de valor das partes baixas de suas casas, alerta para os lojistas guardarem seus estoques em locais seguros etc. Isto fez com que o prejuízo não existisse? É óbvio que não, porém, com certeza foi amenizado. Enfim, um bom sistema de monitoramento, prevenção e informação, aliado ao treinamento da população local contra catástrofes pode ajudar o ser humano a conviver mais em harmonia com a mãe natureza, minimizando o risco de perdas econômicas e, principalmente, de vidas humanas. Jorge Eduardo Scarpin O título pode parecer um tanto quanto sensacionalista ou pessimista, mas, a meu ver, é uma tendência, uma necessidade e um benefício muito grande para as futuras gerações. Quando falo de biblioteca, não falo do conhecimento e sim do espaço físico onde são armazenados livros destinados à consulta ou leitura de terceiros.
Se houver o fim das bibliotecas tradicionais, o que teremos em seu lugar? Bibliotecas virtuais com livros e bases de dados eletrônicas, onde os usuários poderão fazer download dos arquivos nos seus leitores eletrônicos e então, poderão lê-los em casa, no trânsito, no parque, na praia, na escola, no trânsito etc. Isto acontecerá pela conjunção de dois fatores: o barateamento e conseqüente popularização dos equipamentos para leitura de livros eletrônicos, em forma de e-book ou tablets (algo que só tende a se popularizar) e também à massificação da internet móvel que virá com a popularização dos smartphones e tablets, aparelhos que em três a cinco anos serão tão comuns quanto telefones celulares com câmera digital. Mas, e o prazer de se ler um livro, de manusear o papel, de fazer dobras nas páginas, de ver o livro empoeirando na estante ou com páginas amareladas de tanto lê-los? Isto virará saudosismo, tal qual o prazer de tirar uma foto em filme, escrever um texto na máquina de escrever ou escutar música em vinil. E por que vejo como necessidade e como tendência? Porque uma biblioteca digital tem diversas vantagens em relação às bibliotecas tradicionais, tais como: 1. Espaço físico. Uma biblioteca onde o usuário acessa um servidor para coleta de obras não requer espaço físico grandioso e melhor ainda, quanto mais obras uma biblioteca tradicional possui, maior deve ser seu espaço físico, enquanto este problema não existe em uma biblioteca virtual. 2. Acessibilidade. Esta talvez seja a maior vantagem da biblioteca virtual. Não haverá barreiras físicas. Podemos estar em uma cidade no interior da Amazônia e acessar o conteúdo das melhores bibliotecas mundiais, inclusive com obras que normalmente não estão disponíveis nas bibliotecas tradicionais. E sem contar o fato que será possível acessar obras em línguas estrangeiras, algo raro em nossas bibliotecas tradicionais, salvo raras e honrosas exceções. 3. Custos. Uma biblioteca virtual tem um custo por obra literária muito mais baixo do que as bibliotecas tradicionais. O acervo é mais barato e, principalmente, a manutenção é muito mais barata. 4. Sustentabilidade. Pode não parecer, mas um livro é um devorador de florestas. Livro é feito de papel e papel é feito de madeira. Quando pensamos em um único exemplar, isto é pouca coisa, mas, e quando pensamos em centenas ou milhares de exemplares em cada biblioteca e em milhões de exemplares em um conjunto delas? O custo ambiental de milhares de edições de um livro é muito maior do que o custo ambiental de milhões e bilhões de arquivos digitais baixados em servidores remotos. Para finalizar, isto não é apenas utopia ou um grande sonho. Dois grandes projetos de bibliotecas virtuais, com obras gratuitas já estão disponíveis na web. O primeiro é a biblioteca mantida pelo Governo Federal no endereço http://www.dominiopublico.gov.br e o segundo é o Projeto Gutenberg, sem finalidades lucrativas, com obras em dezenas de idiomas, português inclusive, disponível no endereço http://www.gutenberg.org/. Aproveitem e bem-vindos ao futuro do mundo dos livros. Jorge Eduardo Scarpin Nos meios acadêmicos e mercadológicos, há uma ávida corrida por definições de gerações, seja para estudos acadêmicos, seja para estudos sobre comportamento de consumo. As classificações mais aceitas atualmente derivam-se de letras, com a Geração X com os nascidos entre 1960 e 1980, a Geração Y com os nascidos entre o final da década de 1970 e 2000 e a Geração Z com os nascidos a partir de 1990.
Apesar de haver uma boa confusão conceitual sobre a qual geração os jovens pertencem, há um consenso que, o final da geração X, a geração Y e a geração Z possuem uma característica em comum, a conectividade virtual. Esta conectividade tem mudado os hábitos de vida e de consumo desta nova geração. Classifico estas mudanças em três linhas, que, embora distintas, possuem o mesmo pano de fundo. a) Relacionamentos virtuais: hoje, para desespero de alguns pais, é absolutamente normal os jovens terem redes de amigos virtuais, ou seja, pessoas com as quais há relacionamento por semelhança de idéias, moda, esportes, música etc., mas um relacionamento onde as pessoas não se conhecem no mundo “real”, não há um relacionamento físico e sim apenas uma troca de relações, no começo em sites de bate-papo e programas de comunicação instantânea (icq, MSN, skype) e atualmente em redes sociais, tais como Orkut, twitter, facebook, myspace, dentre outras. Antigamente, a não muito tempo atrás, para haver uma reunião de amigos, havia a necessidade de um local físico, bar, restaurante, residência etc. Hoje não é raro uma reunião em uma rede social, com pessoas de diversos lugares distintos, bastando para isto, apenas um smartphone ou outro dispositivo portátil. b) Fidelização a marcas: talvez devido a esta onda de relacionamentos virtuais e da velocidade com que as inovações são trazidas nos tempos de hoje, há uma tendência desta geração trocar de escolhas e marcas muito rápido. Hoje já é comum pessoas consultarem sites de dicas de produtos para decidirem, por meio da opinião alheia, se vão comprar algo ou não e, muitas vezes, fazendo isto em tempo real, procurando um bar ou restaurante que tenha o maior número de dicas favoráveis, usando, para isto, redes de relacionamentos atreladas ao GPS dos smarthpones, tais como Socially, Foursquare etc. c) Fontes de informação: se nos anos 80 e 90 ter uma quantidade grande de informação era ter uma vasta biblioteca, este conceito simplesmente caiu por terra na geração Y. Hoje, a fonte de informação é pública, gratuita e disponível a um toque em mecanismos de buscas na internet, como Bing, Google, Yahoo etc. E isto vale para informações acadêmicas, hábitos de consumo, melhores lojas para compras, melhores lojas de descontos, melhores restaurante, bares e tudo o mais o que esta geração precisa saber para ter um poder maior de tomar as suas decisões diárias. Enfim, esta geração Y é muito mais complexa do que aparenta, seja nos relacionamentos pessoais, seja nos hábitos de consumo. Empresas que enxergarem isto de modo mais rápido, tenderão a sair na frente na conquista deste novo e cada vez mais exigente público. Jorge Eduardo Scarpin No último dia 04 de maio foi reconhecida, pelo STF, a união estável para casais do mesmo sexo. Não vamos aqui entrar na questão moral ou pessoal, se isto é algo bom ou ruim, mas, tão somente, discutir o processo e as conseqüências econômicas e políticas deste fato.
A grande barreira ao reconhecimento da união estável homoafetiva estava no conservadorismo da sociedade brasileira, representada, em grande parte, por questões religiosas. Para não perder o voto conservador religioso, os políticos simplesmente ignoravam o tema. Entretanto, alguns fatos contribuíram para que o tema voltasse à pauta política brasileira. A sociedade em geral passou a ser menos intolerante com a questão, filmes e séries televisivas internacionais começaram a abordar o tema de modo mais explícito, a televisão brasileira, mesmo que de modo incidental, também começou a inserir o tema em sua programação. Na década de 90, começou a surgir em São Paulo, de maneira tímida, um movimento que foi um verdadeiro divisor de águas, denominado popularmente de Parada Gay. O movimento teve um crescimento vertiginoso e, nos tempos atuais, reúne milhões de pessoas na Avenida Paulista e, o que é mais importante, é o segundo evento que mais movimenta dinheiro na cidade, perdendo apenas para o Grande Prêmio de F1. O mercado não teve como ignorar o surgimento de um nicho importantíssimo de clientes, com características únicas e excepcionais para o mercado, com renda e poder de compra acima da média nacional. Isto representou uma mudança de paradigmas em alguns segmentos de mercado, como na prestação de serviços turísticos, aceitando casais homossexuais em quartos de casal, criação de eventos temáticos voltados ao tema, construtoras oferecendo cada vez mais apartamentos para casais sem filhos, com salas amplas para receber os amigos em casa e com outras características voltadas, principalmente, ao público homossexual. Por sua vez, o debate político ganhou força na mesma proporção, pois houve a percepção que os homossexuais também eram possíveis eleitores em potencial, aliado ao fato que o poder da igreja na sociedade, em relação a temas não religiosos diminui a cada dia. Sendo assim, passou-se a fazer o cálculo político e muitos deputados, senadores e governantes locais passaram a debater o tema com maior ou menor profundidade e, como ainda não havia consenso político, pela lentidão de nosso congresso, optou-se pela via judicial, inclusive com ações movidas pelo Poder Público, sendo uma da Procuradoria Geral da República e outra pelo Governo do Rio de Janeiro. Jorge Eduardo Scarpin No último dia 28 de abril, foi comemorado, no Brasil, o Dia da Educação. E temos motivos para comemorar ou para lamentar? Creio que ambos. Alguns aspectos são para comemorar, outros para se lamentar e lutar por melhorias.
Dentre os pontos para comemoração, destaco a melhoria do desempenho da educação, principalmente no ensino básico e fundamental, com queda nos indicadores de analfabetismo e constantes avanços em indicadores tais como IDEB e similares. Entretanto, um item merece cada vez mais destaque: nunca a sociedade esteve tão envolvida na cobrança por melhorias na educação. Mesmo estando longe do engajamento necessário por parte da população, definitivamente o tema entrou na pauta política do país e este é o primeiro passo para um real avanço de todo o sistema. No ensino superior, também podemos observar um crescimento e uma melhora no setor. Por mais que ainda tenhamos cursos de qualidade duvidosa, a qualidade média dos cursos superiores de graduação, mestrados e doutorados brasileiros aumentou bastante nos últimos quinze anos. Quando falamos da realidade local no Vale do Itajaí, Santa Catarina, podemos perceber na Universidade Regional de Blumenau - FURB, cursos de alta qualidade, sendo que alguns, inclusive, com alto reconhecimento no Brasil, tanto em nível de graduação quanto mestrado e doutorado. Além disto, também observamos uma inserção cada vez maior de programas de Mestrado e Doutorado em publicações científicas de primeira linha a nível mundial em uma velocidade digna de nota. Porém, muita coisa ainda precisa melhorar, principalmente na educação básica e fundamental. O ponto mais delicado, a meu ver, é a remuneração do professor de ensino básico e fundamental. Tempos atrás, foi definido um piso mínimo nacional para os professores, no valor de R$ 1.187,97 brutos, o que gera, aproximadamente, R$ 1.050,00 líquidos e não, vocês não leram errado, o valor é este mesmo, o que dá, em média, R$ 48,00 por dia, se considerarmos uma média de 22 dias úteis por mês. Para efeitos de comparação, muitos empregos que exigem menor qualificação do que de um professor recebem salários maiores do que isto. Para piorar, cinco estados contestaram a lei, por considerar o salário muito alto e, pasmem, o desenvolvido e próspero estado de Santa Catarina foi um deles. Diversas pesquisas apontam para a queda de procura por cursos das áreas de licenciaturas, que atuam na formação dos futuros professores de ensino básico e fundamental. A razão é muito simples: quantas pessoas conhecemos que desejam fazer um curso superior, muitas vezes difícil e custoso para ganhar menos de R$ 50,00 por dia de trabalho? Se a questão da remuneração não for seriamente debatida e resolvida, podemos caminhar para uma nova queda de qualidade no ensino no médio prazo, pela simples incapacidade de reposição de professores em nossas escolas públicas, fazendo com que a diferença entre o ensino público e privado aumente cada vez mais, tornando maior ainda o abismo social existente no Brasil. Além da remuneração, outros fatores educacionais precisam melhorar, tais como segurança nas escolas, condições de trabalho, incentivo a ensino técnico etc, assuntos a serem tratados em outra oportunidade. Jorge Eduardo Scarpin |